Inìcio, Resenhas, Lidos no Mês, Maratonas & Desafios

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quarta-feira, 7 de março de 2018

Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus


 “Há de existir alguém que lendo o que eu escrevo dirá… isto é mentira! Mas, as misérias são reais.” 

O livro de Carolina é escrito em forma de diário onde ela relata seu cotidiano. Moradora da favela, Carolina descreve a triste realidade da sua vida, dos seus filhos e dos seus vizinhos. Ela é uma catadora de lixo, mora em um barraco com três filhos menores, acorda cedo para trabalhar e no tempo restante ela lê e escreve seus diários.
Ela teve uma infância difícil e foi por influência de uma professora que despertou seu amor pela literatura. Apesar do pouco estudo, Carolina se expressa muito bem, a sua escrita é marcada por reflexões profundas sobre as condições políticas e sociais do país.
A fome era uma constante companheira de Carolina, com os seus míseros rendimentos, frequentemente a família ficava sem comida e no desespero, pegavam alimentos estragados nas lixeiras. 

"Quando eu não tinha nada o que comer, em vez de xingar eu escrevia. Tem pessoas que, quando estão nervosas, xingam ou pensam na morte como solução. Eu escrevia o meu diário."

Carolina foi uma porta voz dos favelados, seu diário relata as condições miseráveis que viviam e a constante luta pela sobrevivência. Com uma linguagem simples e com erros gramaticais ela mostra uma realidade nua e crua daqueles que sentem fome.

"É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos."


Ano: 1976
Páginas: 184
Editora: Edibolso

domingo, 5 de novembro de 2017

Não Verás País Nenhum - Ignácio de Loyola Brandão


Resenha: Não Verás País Nenhum apresenta um Brasil pós apocalíptico, onde a fome, a seca e a peste fazem parte do cotidiano da sociedade.
Em um futuro distópico, o Brasil se resumiu ao estado de São Paulo,  alguns estados não existem mais e a Amazônia foi transformada em um imenso deserto. A cidade está um verdadeiro caos, as florestas foram exterminadas, a água está escassa e os alimentos são todos processados. Todos os cidadãos são monitorados pelo governo e não possuem liberdade para ir e vir.
 No meio desse país devastado, o personagem Souza, um homem de 50 anos que foi professor de História, se rebela contra o sistema e relata toda a realidade que a maioria das pessoas não querem ver.

"Quando vi a primeira árvore cair, meu pai estava ao meu lado. O barulho foi tão horrível que nem a presença dele impediu o meu susto. Chorei. Agora penso: teria sido pena? Não, seria racionalizar os sentimentos de uma criança. Me lembro até hoje o horror que foi a árvore tombando." 

O livro foi escrito em 1981, inédito no gênero distopia, o autor criou um cenário repleto de detalhes, uma história muito atual que aborda vários temas como a corrupção, aquecimento global,  propagandas tendenciosas, ética. Uma obra genial e inovadora que após várias décadas continua sendo indispensável. Vale a pena ser lido por fãs de 1984 e  Admirável Mundo Novo.

Ano: 2008
Páginas: 381
Editora: Global

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Pseudônimo Mr. Queen - Loraine Pivatto


Resenha: Quando o mundo termina em 21 de Dezembro de 2012, apenas algumas pessoas sobrevivem.  Os escolhidos vão viver duas vidas: uma que vai durar 70 anos e a outra que irá dos 20 aos 100, somando um total de 150 anos e nada mais. 
Nesta sociedade onde não há doenças, desigualdades, dinheiro e mortes prematuras, a autora Loraine Pivatto desenvolveu uma narrativa inteligente e muito criativa. 
Pseudônimo Mr. Queen conta a história de três mulheres: Regina, Larissa e Vitória Brandão. 
Elas são mulheres de personalidade forte, guerreiras, destemidas e que buscam a verdade.  A narrativa é recheada de suspense e faz crítica a uma sociedade que cultiva um mundo de aparências.
Conheci este livro por convite da autora para participar do Book Tour, onde vários exemplares estão circulando pelo Brasil. Gostei muito da escrita e espero muito que a Loraine encontre uma editora para publicar esta obra. Para quem gosta de fantasia e distopia, recomendo a leitura! 


"Tenho nojo dessa raça humana! - ele havia dito muitas vezes naquela noite. Essa tal reputação que os homens lutam  a vida inteira para manter não passa de uma fantasia. E essa benevolência que se ouve falar só existe para satisfazer interesses pessoais. No íntimo, todos pensam apenas em si mesmos. "

Ano: 2015
Páginas: 404
Editora: Edição do autor para divulgação


A Autora: Loraine Pivatto
Gaúcha, nasceu e vive em Porto Alegre. Graduada em Informática pela PUCRS e pós-graduada em Análise de Sistemas nesta mesma Universidade, trabalha há mais de dez anos na área de Tecnologia da Informação, como Administradora de Banco de Dados. 
Além dos computadores, sempre teve muito interesse pelas formas de expressão artística, em especial a literatura, o cinema e a música. Sua mãe era educadora, e o contato com o seu trabalho lhe despertou desde muito cedo o gosto pela leitura. Além disso, sempre teve um espírito crítico bem aguçado quanto às questões comportamentais. 
Gosta de escrever e busca inspiração naquilo que observa. "Criar personagens e situações que mexam com os leitores, explorando sentimentos e emoções tão comuns na vida de cada um de nós, como o medo, a insegurança, o ciúme, o amor, a paixão, a solidão, a ansiedade, e tantos outros, além de ser um grande desafio, é uma enorme fonte de prazer para mim."

domingo, 11 de junho de 2017

Diário de uma Escrava - Rô Mierling

Resenha: Diário de Uma Escrava, relata a história de Laura, uma menina sonhadora, boa filha, boa amiga,uma adolescente apaixonada, que teve todos os seus sonhos ceifados no dia em que foi sequestrada por Estevão, um homem estranho, embora casado e trabalhador. 
O livro é escrito em forma de diário, onde Laura, relata os seus dias vividos dentro de um buraco embaixo de uma casa, que são repletos de dor, violência, amargura e muito desespero. 
O sequestrador é um psicopata, que busca em suas presas a juventude e a inocência, que ele sacia usando os mais cruéis rituais, pois abusa delas tanto sexual como psicologicamente.
A autora, através deste livro, procurou denunciar o que muitas meninas e mulheres que constantemente são sequestradas enfrentam nas mãos destas criaturas insanas, que na maioria das vezes vivem tão perto de suas vítimas. 
Muitas suportam caladas, pois vivem assombradas pelo terror e o medo, não tendo oportunidade de fuga, acabam morrendo nas garras destes bandidos. 
A história toda é um grande alerta para todas as mulheres, pois é preciso ter muito cuidado em cada esquina e em cada aproximação suspeita na rua. É preciso deixar de ser ingênua, "pois no Brasil, todo ano 250 mil pessoas somem sem deixar vestígios. Desse total, 40 mil são menores de idade, dos quais um terço são meninas destinadas a fins sexuais. Muitas escapam ou são encontradas, contando histórias terríveis; outras nunca mais são vistas com vida."  
Apesar do conteúdo forte e impactante, gostei do livro, apenas me desagradando com o final da história. A autora usou de muita pesquisa para desenvolver a narrativa, portanto vale a pena a leitura.

"Acredito fielmente que escravos e prisões não se fazem somente com paredes, grades ou algemas, mas também com simples palavras e situações."

Ano: 2016
Páginas: 240
Editora: DarkSide Books

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Cristal Polonês - Letícia Wierzchowski


Resenha: Tedda é uma menina de origem polonesa, tem dois irmãos e suas roupas são doadas pelos tios e primos. Seus pais trabalham muito para manter a família, mas vivem com muitas dificuldades financeiras.
Um dia, o pai ganha uma aposta e uma viagem é oferecida para a família. Como as crianças não tem o costume de sair de casa, esse evento acaba sendo esperado ansiosamente por todos. Eles decidem o que levar na viagem para a casa do lago, todos se animam, até mesmo a máma, que está sempre com o semblante triste e sério. Mas, uma tragédia termina com a alegria da família...
A história é narrada por Tedda, uma menina curiosa e muito observadora. Os detalhes da vida revelado pelo ponto de vista da menina mostra a condição de pobreza vivida pela família, a tristeza da mãe, uma mulher que não costuma dar sorrisos facilmente, o pai e seu silêncio perturbador, a casa com os móveis doados pelos parentes ricos. A personagem retrata uma realidade dura, a pobreza, a morte, mas não perde sua capacidade de sonhar.
É um livro muito tocante, recomendado para quem curte histórias contada por uma criança que relata a ingenuidade e a franqueza dos sentimentos em relação ao luto.



Ano: 2003
Páginas: 176
Editora: Record




segunda-feira, 27 de março de 2017

Uma, Duas - Eliane Brum


Resenha: Uma, Duas é uma história de uma relação conturbada entre mãe e filha. Um soco no estômago!! 
Laura, a filha, inicia a narrativa relatando seu ponto de vista. A convivência com a mãe sempre foi conflitante. Desde a infância ela acha a mãe uma mulher egoísta e a culpa por tê-la afastado do pai e por não ter seguido uma vida normal na escola. Laura sempre lutou para ficar bem longe da mãe, viver de forma independente afastada de sua influência. Mas, por ironia do destino, a mãe fica doente e Laura se envolve nos cuidados pela sua recuperação. Devido a situação da mãe, elas retornam a morar juntas e durante esse tempo vem a tona o ódio, o ressentimento que uma sente pela outra.
Uma outra parte do livro a mãe apresenta sua história e os motivos que a levaram a ser uma mulher egocêntrica e fria. Dois pontos de vista que deixa o leitor sem opção de tomar partido. É uma leitura rápida com um conteúdo forte e chocante. Livro excelente, recomendo!



Ano: 2011
Páginas: 176
Editora: LeYa Brasil


domingo, 5 de março de 2017

As Três Marias - Raquel da Queiroz



Resenha: As Três Marias é a história de três meninas que estudam em um colégio interno comandado por freiras. Maria José, Maria da Glória se unem a aluna novata, Guta (Maria Augusta), uma forte amizade floresce entre elas. O apelido "Três Marias" foi inspirado nas estrelas, sempre unidas e companheiras, assim como as meninas.
A amizade das meninas ultrapassa o tempo de internato e é cada vez mais fortalecida durante a trajetória das suas vidas. Cada uma segue seu caminho tentando realizar seus sonhos, enfrentando desilusões, solidão, medo e tristeza.
Uma história simples de adolescentes enfrentando as mudanças e dificuldades pós escola. Guta é a protagonista, que procura por liberdade e faz as escolhas mais ousadas para a época (década de 30).  O segundo romance da autora que leio e observo que ela mantém o tema sobre as conquistas das mulheres e a incansável luta contra o preconceito. Recomendo!

"Só o que nos faz sofrer tem realmente valor de mal para nós. Porque, na realidade, só eu tenho importância para mim mesma; só nós valemos para nós mesmos. Só compreendemos o sofrimento dos outros, só compreendemos "com a carne" quando somos feridos um pouco por ele."


Ano: 2005
Páginas: 204
Editora: José Olympio


Cristal Polonês - Letícia Wierzchowski


Resenha: Tedda é uma menina de origem polonesa, que vive em uma casa simples com seus dois irmãos: Paula e Miti. Seus pais são duas pessoas trabalhadoras, que dentro de suas dificuldades procuram educar os filhos dentro dos mandamentos de Deus.
 A família possui parentes mais abastados que doam os bens desnecessários para eles, que vivem das sobras, pois a situação econômica que enfrentam não lhes permite comprar nada novo. 
Um dia, o pai ganha uma aposta no emprego e é contemplado com uma viagem, que eles programam para as férias escolares. A família fica muito feliz, e partem para passar quinze dias numa casa a beira de um lago. Essa viagem marca a família profundamente.
A história em si é simples, mas o que a faz tão encantadora é a narrativa através do olhar de uma criança. 
Tedda narra o dia a dia da família de uma forma poética e inocente. Retrata a pobreza com maestria e faz uma análise do comportamento das pessoas de uma forma muito nítida, principalmente quando ela interpreta os 'sentimentos' de alguns dos seus familiares. Cristal Polonês é um livro que faz refletir! Vale a pena! Recomendo muito! 

Ano: 2003
Páginas: 176
Editora: Record

sexta-feira, 3 de março de 2017

Coração sobre Coração - Karen Alvares


Resenha: Coração sobre Coração é um conto emocionante. Ele descreve o amor entre dois seres que se conhecem simplesmente pelo faro e a fidelidade. 
O narrador do conto é um cão. Contando a sua história ele nos leva a refletir em como é o amor incondicional de um animalzinho de estimação pelo seu dono. Ele observa seu dono Arthur e sente as coisas que estão prestes a acontecer e que com certeza mudarão a sua vida. 
Um história repleta de emoção que só quem já experimentou tal convívio é capaz de se sensibilizar. 

'O amor não precisa de palavras.'
O amor é para sempre.'

A autora Karen Alvares sempre surpreende com a sua escrita! Este foi mais um conto que li e que me emocionou! História simples mas que passa uma mensagem  cativante! Recomendo! 
Ano: 2015
Páginas: 8
Editora: Independente

Pó de Parede - Carol Bensimon


Resenha: O livro Pó de Parede é composto por três contos. O primeiro deles, 'A Caixa', narra a história de Alice, uma jovem sonhadora que ao voltar para sua cidade natal, revive lembranças que marcaram a sua juventude de uma forma bastante triste. 
No segundo conto, intitulado como 'Falta Céu', as irmãs Lina e Titi se vêem diante de uma construção misteriosa que agita a pequena cidade onde vivem e que desejam um dia se mudar.
E no terceiro e último conto, 'Capitão Capivara', a jovem Clara, que deseja muito ser escritora, emprega-se em um hotel para exercer uma profissão um tanto inusitada. 
Nos três contos, as personagens são pessoas jovens e sonhadoras que almejam ter um futuro promissor, mas nas oportunidades que encontram se deparam com as desilusões. A autora passa através das histórias uma mensagem que reflete o quanto a juventude é sensível e sonhadora! Foi o primeiro livro da autora que li, confesso que achei razoável! 


Carol é natural de Porto Alegre, nascida em 1982. Colabora com revistas e jornais brasileiros, publicou contos no jornal Zero Hora e em revistas como Ficções e Bravo!
Carol, mestre em escrita criativa pela PUC-RS, publicou Pó de Parede, seu livro de estréia, pela Não Editora. Pó de Parede foi finalista do Prêmio Açorianos de Literatura em 2008. Lançou, pela Companhia das Letras, o romance Sinuca Embaixo D'água, finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti. 
Ano: 2008
Páginas: 128
Editora: Não Editora

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

O Tribunal Da Quinta-Feira - Michel Laub


Resenha: José Victor e Walter são amigos de longa data. Eles trocam mensagens constantemente, relatando suas histórias em detalhes  sobre variados assuntos, dentre eles sexo, drogas, casamento, traição, segredos  e crises pessoais.
José Victor não esperava que todo esse conteúdo registrado em e-mail viesse a tona, pois Teca, sua ex-mulher teve acesso a sua senha e fez cópias para distribuir entre os amigos com a finalidade de se vingar do ex-marido.  
Dessa forma todos são envolvidos em um escândalo e vão parar perante um tribunal onde muita coisa é jogada no ventilador, entrando em jogo a conduta de cada personagem, os motivos que os levaram a cometer erros e principalmente o caráter de cada um.
É o primeiro livro que leio do autor gaúcho Michel Laub. A narrativa é bem simples e de fácil compreensão. Neste livro o autor relata um assunto polêmico nos meados dos anos 80 que foi o surgimento da AIDS. Homofobia, violência, liberdade e assédio sexual são outros temas presentes no livro. Como a maioria dos livros de autores brasileiros há um exagero no uso de palavrões, característica que não me agradou na narrativa.  O livro possui um final em aberto e fica ao critério do leitor interpretar o destino de José Victor.


...temos tempo, como qualquer um tem...


Ano: 2016
Páginas: 184
Editora: Companhia Das Letras

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

A Queda - Diogo Mainardi


Resenha: Diogo Mainardi relata neste livro a trajetória de seu filho Tito, vítima de um erro médico em um hospital em Veneza. Em suas memórias, o escritor detalha toda a sua angústia e expectativa em relação ao fato ocorrido com Tito.
Além de detalhar a evolução de uma criança portadora de paralisia cerebral, o  livro possui uma narrativa marcante e recheada de fatos artísticos, descrevendo um pai preocupado e totalmente envolvido no ambiente familiar. É nítido o envolvimento e a importância da presença paterna de Diogo. 
Em suas memórias ele descreve vários tipos de sentimentos, inclusive as suas decepções.  Em alguns momentos ele consegue até mesmo ser humorado frente a um assunto tão sério. 
Foi sem dúvida uma leitura muito envolvente, pois o livro é muito bem detalhado e ilustrado, características que prendem o leitor. 
Fazia um certo tempo que 'A Queda' estava na minha lista, pois acompanho Diogo Mainardi em seu programa  Manhattan Connection, tenho por ele uma certa admiração, pois além de ser escritor, também é um leitor assíduo, produtor, roteirista e um grande crítico de governos populistas. Faz publicações no site O Antagonista usando o seu humor ácido que é uma de suas características marcantes.  
 Para quem aprecia livros de não-ficção bem detalhados e com um rico conteúdo vale a leitura! 

"Cair tem muito mais valor que caminhar".


Ano: 2012
Páginas: 152
Editora: Record

domingo, 6 de março de 2016

As Meninas - Lygia Fagundes Telles



Resenha: As Meninas narra a história de três estudantes que vivem em um internato monitorado pelas freiras. Lorena, Ana Clara e Lia relatam o cotidiano e os conflitos de juventude em uma época que a ditadura militar domina o país.
Lorena é uma menina rica, sonhadora e romântica que vive salvando as amigas dos problemas financeiros. Apaixonada por M. N., um homem casado, ela permanece em constante conflito devido a sua virgindade. 
Lia ou Lião, é uma militante esquerdista, filha de um ex-nazista e tem um namorado que foi preso pelos militares.
Ana Clara, viciada em drogas e alcool, apaixonada por Max, um traficante. De todas as três, a mais problemática. 
O modo como a história de cada uma é contada, as divagações e monólogos,  confundiu um pouco no início. 
Lorena é quem mais me cativou e Ana Clara tem a história mais dramática e intrigante. A amizade das três meninas é bem intensa, com vidas diferentes; uma burguesa, uma viciada e uma revolucionária, mas o que elas tem em comum é a solidão. Uma leitura muito interessante, achei o desfecho bem triste. :( 




Ano: 2009
Páginas: 304
Editora: Companhia das Letras




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Amém - Arthur Chrispin


RESENHA - A história tem início com o assassinato do irmão de um traficante muito conhecido, de uma forma muito inusitada. Então o caso vai parar nas mãos da Delegada Luzia e seu grupo de policiais da Divisão de Homicídios do Rio de Janeiro, Jesus, Jorge, Chico e Lourenço. 
Com o passar dos dias, novos assassinatos acontecem e o criminoso deixa assinaturas e mensagens com suas vítimas, que levam os policiais a acreditarem que trata-se de um serial killer. 
Os policiais se dividem para investigar, usando todas as pistas. Os casos acabam por chamar a atenção da mídia, incomodando o Secretário de Segurança que tem grandes expectativas nas próximas eleições. E como as investigações não deram resultados, são encerradas por ordem superior, deixando a equipe indignada. Mas é o poder falando mais alto e os casos sendo abafados. Mas o assassino é ardiloso e volta a atacar sem piedade, atingindo o alvo pretendido. O desfecho da história segue um ritual aterrorizante.   

"Dê uma olhada para o céu antes de morrer. É a última vez que você o fará." Metallica,  For Whom the Bell Tolls

A trama toda é muito bem elaborada, narrado em terceira pessoa, todos os personagens são bem construídos e importantes na história. Católicos, umbandistas e evangélicos, carnavalescos e frequentadores dos morros. São amigos unidos pela fé, pelas suas crenças e pelo amor a profissão da qual se orgulham de exercer sem serem corrompidos. São comandados por uma mulher determinada que veneram e respeitam. O autor usou nomes bíblicos e datas comemorativas  para desenvolver a história, o que achei muito criativo. Também usou muitos palavrões e gírias, mas neste  caso considero aceitável devido ao ambiente em que a história se passa. É um livro que retrata o dia a dia de policiais, com descrições fortes de violência, a luta entre o bem e o mal, o que é certo e errado. Mais um livro brasileiro que gostei de ler! Os personagens Jesus e Jorge são ótimos! 

"Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge, para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem, tenham mãos e não me peguem, tenham olhos e não me enxerguem e que nem pensamentos eles possam ter para me fazer mal. "Amém

Ano: 2015
Páginas: 304
Editora: 5w

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Cinzas do Norte - Milton Hatoum




Resenha: Lavo e Mundo são amigos de infância e suas famílias se conhecem há muito tempo. Uma convivência marcada por ressentimentos e cheia de segredos do passado.
Lavo é muito centrado nos estudos, sonha em ser advogado. Menino órfão, criado por sua tia Ramira e pelo tio Ranulfo. Ramira é uma costureira, trabalha com afinco para manter a casa, uma mulher amargurada e ressentida que vive discutindo com Ranulfo. Ranulfo, ou tio Ran, é um sujeito sonhador, eternamente apaixonado pela mãe de Mundo. Vive de bicos e golpes, não sente vergonha em ser sustentado pela irmã.
Mundo Mattoso tem paixão pelas obras de artes, adora desenhar, mas seu pai, Jano, um rico empresário de Manaus, quer educar seu filho para ser seu sucessor nos negócios. A sua mãe Alícia é uma mulher viciada em jogos e alcool, protege e defende o filho das agressões de Jano, que não aceita as inclinações artísticas de Mundo.
Mundo expõe a revolta que tem do pai, criando obras de artes, fazendo cursos e expondo seus trabalhos como manifesto contra o militarismo, o regime que o pai defende.
Entre revoltas e afrontas, Mundo e Jano Mattoso tornam-se verdadeiros inimigos. Pai e filho não se combinam e Mundo dedica todo o seu tempo para atacar seu pai e seus amigos militares.  
Alícia, Lavo e tio Ran defendem o menino da maldade do pai. Quando surgem as situações conflitantes alguns segredos do passado vêm a tona, revelando antigas paixões, mágoas e traições.
O livro é narrado por Lavo, que relembra a convivência com a família Mattoso, seus tios e todos os acontecimentos marcantes da vida de Mundo, seu melhor amigo.
A história é ambientada em Manaus nos ano 50, 60 e 70, quando a cidade estava se estruturando, a miséria e a vida simples imperava, os "barões" estavam no comando, inclusive os militares. O desmatamento estava iniciando para dar lugar a vários prédios e grandes empresas.
Através do personagem Mundo é destacado a exploração da fauna e flora de forma gananciosa durante o poder militar.
Um livro maravilhoso e envolvente. Os segredos revelados não são tão misteriosos assim para o leitor, a partir da metade da história já contem algumas dicas, mas a trama segue bem interessante, pois é preciso saber as reações dos personagens e o desfecho de cada um. Uma história linda e muito triste! Totalmente recomendado!
Cinzas do Norte é o terceiro romance de Milton Hatoum, ganhador do Prêmio Jabuti/Categoria Romance/2006




Ano: 2005
Páginas: 312
Editora: Companhia das Letras


sábado, 30 de janeiro de 2016

As Esganadas - Jô Soares



Resenha: Uma série de assassinatos acontecem nas ruas do Rio de Janeiro nos anos 30, as vítimas são mulheres gordas. O serial killer é apresentado desde o início, com essa revelação, achei que perdeu um pouco o suspense. O que resta para o leitor é ficar na expectativa dele ser preso. O assassino utiliza tortas, pastéis de Santa Clara e outras guloseimas para atrair e matar as gordinhas, as situações são inusitadas e engraçadas.
A polícia, uma jornalista, um detetive/confeiteiro português se unem para desvendar o caso das esganadas. 
Apesar das mortes bizarras, a leitura foi leve e divertida, as descrições dos vários personagens foram muito criativas, mas alguns não tiveram muitas participações na trama. O livro tem muito humor inteligente mesclado com mistério, foi uma boa surpresa, mas nada espetacular.




sábado, 26 de dezembro de 2015

O Sorriso da Hiena - Gustavo Ávila


RESENHA - O livro conta a história de David. Quando ele tinha oito anos, presenciou a morte brutal de seus pais, passando a partir daí a viver em um reformatório para menores, onde conviveu com todo tipo de crianças e desenvolveu a sua personalidade moldada pelo meio e também pelo trauma de infância. Há também na trama dois personagens importantes que se destacam ao longo da história, que são o psicólogo infantil William e o detetive Artur.
Assassinatos vão acontecendo seguindo o mesmo ritual, onde o assassino entra em contato com William através de e-mail, para que ele faça um estudo de caso usando as vítimas sobreviventes.
Artur, o detetive, passa a investigar o caso usando toda a sua intelgência, analisando todas as pistas deixadas pelo criminoso, mas que mesmo assim não são suficientes para chegar ao culpado.  
Apesar da trama ser boa, achei que foram inseridos na história muitos personagens que embora tiveram uma participação até significativa não tiveram finalização. Na minha opinião a narrativa feita pelos três personagens tornou a leitura dinâmica, mas não surpreendeu, e uma coisa que faltou no livro foi a localização, em nenhum momento o autor revelou uma cidade ou país. E o final não teve o desfecho que eu esperava!


"Pessoas más são pessoas tristes. Por isso elas são más.

"Tristeza faz a gente virar uma pessoa ruim."

"O mal nada mais é do que um buraco que quer desesperadamente ser preenchido."

Ano: 2015
Páginas: 304
Editora: Independente

sábado, 19 de dezembro de 2015

A Mulher que Escreveu a Bíblia - Moacyr Scliar


RESENHA - No livro A Mulher que Escreveu a Bíblia, o escritor Moacyr Scliar, conta de uma forma irreverente a história de uma personagem anônima, que buscando a ajuda de um terapeuta,  descobre que foi uma das esposas do Rei Salomão. Mas como era muito feia e por saber ler e escrever é designada a escrever a história do povo judeu.  E no momento em que lê algumas anotações dos escribas do Rei, ela não se conforma com algumas partes das histórias, tenta adaptá-las, mas tendo as suas sugestões sempre recusadas pelos superiores. Dessa forma ela vive uma história repleta de aventuras, paixões e intrigas convivendo com as outras esposas e as concubinas do Rei. 
Este foi o primeiro livro do autor que tive o prazer de ler, com uma narrativa simples, passou uma mensagem sobre a condição feminina, críticas a sociedade da época e também apresentou algumas sátiras em relação ao texto bíblico. Um livro agradável e descontraído! 


Ano: 2007
Páginas: 168
Editora: Companhia de Bolso
Vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura em 2000, na categoria Romance.  



Moacyr Jaime Scliar (Porto Alegre, 23 de março de 1937 — Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2011) foi um escritor brasileiro. Formado em medicina, trabalhou como médico especialista em saúde pública e professor universitário. Sua prolífica obra consiste de contos, romances, ensaios e literatura infanto-juvenil. Também ficou conhecido por suas crônicas nos principais jornais do país.(Fonte: wikipédia)

domingo, 4 de outubro de 2015


RESENHA - Dois Irmãos narra a história de Omar e Yaqub, filhos gêmeos de Zana e Halin, descendentes de libaneses que vivem em Manaus. É a saga de uma família que enfrentou diversos conflitos durante a vida.
O livro é narrado pelo filho da empregada, em períodos intercalados onde ele relata os trinta anos vividos com a família. O seu nome e origem só vem a ser revelado no final. 
Os desentendimentos entre os irmãos iniciam-se devido ao amor desmedido e incontrolável da mãe por um deles, fazendo com que isso despertasse no outro filho o sentimento de rejeição. E assim segue o dia a dia da família, os irmãos não conseguem se entender, sempre entrando em conflitos e disputas, e o pai sendo um tanto omisso, pois ele nunca quis ter filhos. A mágoa torna-se maior quando eles agridem-se, fazendo com que um deles saia de casa buscando uma nova vida. Na casa mora também Domingas, a empregada, mãe do narrador e com ela esconde-se um segredo do passado. 
A história é perturbadora e dramática. O autor usou como pano de fundo a cidade de Manaus, descrevendo suas localidades, seus rios, pratos típicos e algumas palavras empregadas na região. 
Dois Irmãos deu ao autor Milton Hatoum o Prêmio Jabuti 2001 de Melhor Romance.

"Filho que parte pela segunda vez não volta mais à casa..."

"Ao diabo com os sonhos: ou a gente age, ou a morte de repente nos cutuca, e não há sonho na morte. Todos os sonhos estão aqui..."

Em janeiro de 2015, o diretor Luiz Fernando Carvalho inicia as gravações da adaptação de Dois Irmãos para a minissérie da TV Globo.

Ano: 2007
Páginas: 266
Editora: Companhia das Letras

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Suicidas - Raphael Montes


SINOPSE - Suicidas - Um porão, nove jovens e uma Magnum 608. O que poderia ter levado universitários da elite carioca – e aparentemente sem problemas – a participarem de uma roleta-russa?

Um ano depois do trágico evento, que terminou de forma violenta e bizarramente misteriosa, uma nova pista, até então mantida em segredo pela polícia, ilumina o nebuloso caso. Sob o comando da delegada Diana Guimarães, as mães desses jovens são reunidas para tentar entender o que realmente aconteceu, e os motivos que levaram seus filhos a cometerem suicídio.

Por meio da leitura das anotações feitas por um dos suicidas durante o fatídico episódio, as mães são submersas no turbilhão de momentos que culminaram na morte dos seus filhos. A reunião se dá em clima de tensão absoluta, verdades são ditas sem a falsa piedade das máscaras sociais e, sorrateiramente, algo muito maior começa a se revelar.


Ano - 2012
Páginas - 488
Editora - Benvirá


RESENHA - Suicidas relata  a história de nove jovens que resolvem fazer roleta-russa no porão de uma casa, regado a muita droga e bebida. Nesse porão, esses jovens alucinados  se transformam, a violência aflora e vem a tona todo tipo de verdade...

O livro é narrado de duas formas: pela delegada Diana, um ano após o episódio em uma reunião informal com as mães dos envolvidos; e por Alessandro, um dos participantes, que escrevia um livro em tempo real à roleta-russa.

O autor enfatizou nesse livro, as consequências do consumo de drogas e a violência que gera nos jovens, a ambição, inveja e homossexualismo.
Esse é o primeiro livro publicado por Raphael Montes, sem dúvida um dos melhores que já li da literatura policial brasileira!
A leitura é contagiante e intensa, os personagens causam indignação e o final foi realmente surpreendente! A narrativa é perfeita, tudo se encaixa, recomendo para quem aprecia o gênero! 

NOTA - ★★★★★



"A grande cartada é para os homens de sorte e o grande blefe para os homens de coragem."


"Até que ponto conhecemos as pessoas?"