Inìcio, Resenhas, Lidos no Mês, Maratonas & Desafios

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quarta-feira, 7 de março de 2018

Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus


 “Há de existir alguém que lendo o que eu escrevo dirá… isto é mentira! Mas, as misérias são reais.” 

O livro de Carolina é escrito em forma de diário onde ela relata seu cotidiano. Moradora da favela, Carolina descreve a triste realidade da sua vida, dos seus filhos e dos seus vizinhos. Ela é uma catadora de lixo, mora em um barraco com três filhos menores, acorda cedo para trabalhar e no tempo restante ela lê e escreve seus diários.
Ela teve uma infância difícil e foi por influência de uma professora que despertou seu amor pela literatura. Apesar do pouco estudo, Carolina se expressa muito bem, a sua escrita é marcada por reflexões profundas sobre as condições políticas e sociais do país.
A fome era uma constante companheira de Carolina, com os seus míseros rendimentos, frequentemente a família ficava sem comida e no desespero, pegavam alimentos estragados nas lixeiras. 

"Quando eu não tinha nada o que comer, em vez de xingar eu escrevia. Tem pessoas que, quando estão nervosas, xingam ou pensam na morte como solução. Eu escrevia o meu diário."

Carolina foi uma porta voz dos favelados, seu diário relata as condições miseráveis que viviam e a constante luta pela sobrevivência. Com uma linguagem simples e com erros gramaticais ela mostra uma realidade nua e crua daqueles que sentem fome.

"É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos."


Ano: 1976
Páginas: 184
Editora: Edibolso

domingo, 5 de novembro de 2017

Não Verás País Nenhum - Ignácio de Loyola Brandão


Resenha: Não Verás País Nenhum apresenta um Brasil pós apocalíptico, onde a fome, a seca e a peste fazem parte do cotidiano da sociedade.
Em um futuro distópico, o Brasil se resumiu ao estado de São Paulo,  alguns estados não existem mais e a Amazônia foi transformada em um imenso deserto. A cidade está um verdadeiro caos, as florestas foram exterminadas, a água está escassa e os alimentos são todos processados. Todos os cidadãos são monitorados pelo governo e não possuem liberdade para ir e vir.
 No meio desse país devastado, o personagem Souza, um homem de 50 anos que foi professor de História, se rebela contra o sistema e relata toda a realidade que a maioria das pessoas não querem ver.

"Quando vi a primeira árvore cair, meu pai estava ao meu lado. O barulho foi tão horrível que nem a presença dele impediu o meu susto. Chorei. Agora penso: teria sido pena? Não, seria racionalizar os sentimentos de uma criança. Me lembro até hoje o horror que foi a árvore tombando." 

O livro foi escrito em 1981, inédito no gênero distopia, o autor criou um cenário repleto de detalhes, uma história muito atual que aborda vários temas como a corrupção, aquecimento global,  propagandas tendenciosas, ética. Uma obra genial e inovadora que após várias décadas continua sendo indispensável. Vale a pena ser lido por fãs de 1984 e  Admirável Mundo Novo.

Ano: 2008
Páginas: 381
Editora: Global

terça-feira, 2 de maio de 2017

As Intermitências da Morte - José Saramago


Resenha: As Intermitências da Morte narra uma situação inusitada vivida em um país, a morte paralisa as atividades e ninguém mais morre. A partir daí várias complicações acontecem com as pessoas, pacientes terminais agonizando mas a morte não chega, hospitais e asilos estão lotados, a indústria funerária é afetada, a Igreja  reclama que sem a morte não haverá ressurreição. E assim a vida e a morte entram em um grande conflito, pois as pessoas se acostumaram com a imortalidade.
Em outra parte do livro é apresentada a morte em pessoa, seus procedimentos em relação ao "ultimo chamado", suas características físicas e por incrível que pareça a morte fica mais humanizada. Tudo isso acontece quando uma carta enviada pela morte retorna ao remetente, um fato que nunca tinha acontecido antes. Então a morte decide resolver a situação pessoalmente...
Meu segundo livro de José Saramago, foi uma leitura surpreendente. A narrativa do autor é peculiar, uma história divertida e bem reflexiva.

 "Porque cada um de vós tem a sua própria morte, transporta-a consigo num lugar secreto desde que nasceu, ela pertence-te, tu pertences-lhe."



Ano: 2005
Páginas: 208
Editora: Companhia das Letras




 

sexta-feira, 31 de março de 2017

Por favor, Cuide da Mamãe - Kyung Sook Shin


Resenha: Park So-nyo é uma senhora de 70 anos que desapareceu na estação de Seul. Mãe de 5 filhos, mora em uma pequena aldeia onde se dedicou inteiramente a sua família. Park sempre trabalhou muito para que os filhos tivessem uma vida melhor. Depois que se tornaram adultos, os filhos seguiram suas profissões e muitas vezes não tinham tempo para lembrar da mãe.

“Ou uma mãe e filho se conhecem muito bem, ou eles são estranhos.”

Enquanto eles espalham panfletos a procura da mãe, a angústia e o desespero vão se tornando ainda maiores e quando passa um longo tempo sem encontrá-la, a família reflete sobre a vida que a mãe levava e vão se culpando por tê-la negligenciado.

“Se não houvesse um mar entre você e eu ... não haveria este adeus doloroso”

Por favor, Cuide da Mamãe é uma história triste e que deixa o leitor com o coração em pedaços pois fala sobre o valor da perda. A família relembra todos os detalhes dos momentos que foram ignorados e percebe as palavras que nunca foram ditas para a mãe que sacrificou a vida por eles. Um livro que faz refletir sobre nossos relacionamentos e o quanto  podemos melhorá-los. Leitura inesquecível e comovente!

"Há momentos em que a pessoa só pensa no assunto depois que algo acontece, sobretudo depois que algo ruim acontece."




Ano: 2012
Páginas: 240
Editora: Intrínseca

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O Livro dos Baltimore - Joël Dicker



Resenha: O escritor Marcus Goldman está de volta com um novo livro onde ele conta a história da família Goldman, mais conhecida como os Goldman de Baltimore. A família é composta por seu tio Saul, tia Anita e os primos Hillel e Woody.  
Marcus relembra a infância e a juventude passada ao lado dos primos e amigos em Baltimore. Seus pais eram os Goldman de Montclair, viviam modestamente em um apartamento enquanto os Goldman de Baltimore morava em um luxuoso condomínio, cercados de muito glamour e isso fascinava Marcus, ele achava que era a família perfeita.   
Aos poucos, Marcus vê a família que tanto admirava  se desintegrar até a chegada do dia do "Drama". A história dos Goldman é marcada por muitas intrigas, tragédias, rivalidades, traições, inveja  e muitos segredos.  
Após passar 8 anos do dia do "Drama", Marcus decide escrever um livro revelando todos os mistérios abafados pela família, relembra momentos felizes e tristes que passou ao lado da Gangue, as promessas que fizeram em nome do grande amor e amizade que sentiam um pelo outro. 

"Só os grandes sonhos sobrevivem. Os outros são apagados pela chuva e levados pelo vento."

O livro é daqueles que quando começamos não paramos mais de ler. Não é uma continuação do livro A Verdade sobre o Caso Harry Quebert, nem tem o mesmo gênero. Você vai encontrar uma história de uma saga familiar que parece comum e outra história nostálgica de amizade da infância mesclada a muitos conflitos e emoções. Recomendo!

"Procuramos dar sentido às nossas vidas, mas nossas vidas só têm sentido se formos capazes de realizar estes três destinos. Amar, ser amado e ser capaz de perdoar, o resto é tempo perdido. "



Ano: 2017
Páginas: 416
Editora: Intrínseca