Inìcio, Resenhas, Lidos no Mês, Maratonas & Desafios

terça-feira, 5 de abril de 2016

O Filho de Mil Homens - Valter Hugo Mãe


RESENHA - O livro começa com a história de Crisóstomo, um pescador solitário que imagina-se incompleto pois falta-lhe na vida um filho. 
Nos capítulos seguintes, surgem outros personagens que o autor descreve ressaltando os sonhos, as frustrações e angústias de cada um. Camilo, o órfão que desconhece a sua origem. Isaura, uma moça que busca um amor. Dona Matilde, uma senhora insatisfeita com a maternidade. Antonino, um jovem rapaz que se julga diferente dos outros. Enfim, todas essas pessoas são importantes na narrativa, pois suas vidas se cruzam mais a frente, tornando uma única história. Eles tem em comum a solidão e a busca pela felicidade. 
Crisóstomo conhece então o menino Camilo, e a partir daí e com a inclusão dos outros personagens na narrativa e a história se transforma em um enredo poético e rico de emoções.
A história passa em um pequeno vilarejo onde existem pessoas ambiciosas, invejosas e muito preconceito, o que é natural em localidades provincianas. 
O Filho de Mil Homens, além de poético é um livro que transmite uma mensagem bem real sobre os objetivos das pessoas e o que elas buscam na vida. 
Foi o primeiro livro do autor que li, e mesmo sendo escrito no português de Portugal, não tive dificuldades em apreciar a leitura. Lembra um pouco a narrativa de Mia Couto. Além de passar as mensagens realistas tem também um lado cômico. No final do livro o autor diz que pensou em não publicar a obra, ainda bem que ele mudou de idéia! Quero ler outros títulos!


"Todos nascemos filhos de mil pais e de mais de mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se gere um cuidado mútuo. Como se nossos mil pais e nossas mil mães coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros. Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós."
Ano: 2012
Páginas: 208
Editora: Cosac Naify

domingo, 3 de abril de 2016

a máquina de fazer espanhóis - Valter Hugo Mãe




Resenha: Antônio Jorge da Silva, mais conhecido por Sr. Silva é um homem de 84 anos que recentemente perdeu a esposa, Laura. Contra a sua vontade, ele é colocado em um asilo (Feliz Idade). (obs: algumas partes da história são descritas de uma forma bem irônica pelo Sr. Silva).  

"o lar da feliz idade, assim se chama o matadouro para onde fui metido." 

Nessa nova fase de vida do Sr. Silva iniciam-se muitas descobertas, ainda sofrendo com a perda da esposa e ressentido pelo abandono da família, ele chega no asilo muito revoltado, descontando sua raiva e frustração em todos que tentam se aproximar. Aos poucos o Sr. Silva começa a perceber o drama dos outros idosos que estão ao seu redor e lindas amizades são feitas por descobrirem que eles tem muito em comum. 

"estamos aqui para fazer coisas que nunca fizemos, é também isso que significa a velhice, estarmos velhos da cabeça."

O livro apresenta uma história que aborda a velhice e várias questões que giram em torno dela, como a solidão, o abandono, o medo da morte. As amizades entre os idosos do asilo são encantadoras e emocionantes. Existem outros personagens que acrescentam a história e interagem com o Sr. Silva; a idosa Dona Marta, na minha opinião, foi muito marcante. 
Primeira leitura de uma obra do Valter Hugo Mãe, ele escreveu este livro, criou personagens cativantes para homenagear seu pai, que infelizmente faleceu antes da terceira idade.  
Acostumei facilmente com a escrita em letras minúsculas, livros de escritores portugueses não estão frequentemente na minha TBR, mas gostei de conhecer a máquina de fazer espanhóis. Vale a pena a leitura!

"nunca nos preparamos para a realidade, passamos a ser cidadãos terrivelmente antipáticos, mesmo que façamos uma gestão inteligente desse desprezo que alimentamos crescendo, e só não nos tornamos perigosos porque envelhecer é tornarmo-nos vulneráveis e nada valentes, pelo que enlouquecemos um bocado e somos só como feras muito grandes sem ossos, metidas dentro de sacos de pele imprestáveis que já não servem para nos impor verticalidade nem nas mais pequenas batalhas."




Ano: 2011 
Páginas: 256
Editora: Cosac Naify




domingo, 13 de março de 2016

Saco de Ossos - Stephen King




Resenha: Após quatro anos da morte da sua esposa Jo, Mike Noonan retorna a Sara Laughs, a casa do lago, um lugar cercado por antigos segredos de família e muitos mistérios sobrenaturais. 
Mike sofre com um bloqueio de escritor, não conseguindo  escrever mais uma linha de um novo romance. 

"A dor é como um hóspede bêbado, sempre voltando para mais um abraço de despedida."

Ainda consumido pela perda de Jo, Mike sofre com noites mal dormidas intercaladas com terríveis pesadelos que parecem tão reais ao ponto de despertar com marcas no seu corpo, dos lugares percorridos em sonhos. Diante desse situação pertubadora, ele conhece Mattie e Ki, mãe e filha que vivem pressionadas pelo avô da menina,  o poderoso e cruel  milionário  Max Devore, que luta pela guarda da neta. Mike se apaixona por Mattie e fica completamente envolvido na briga, protegendo Ki das maldades do avô.
Mike Noonan tem um longo caminho pela frente, para ter paz, ele precisa enfrentar e compreender seus estranhos pesadelos. Ele terá que descobrir tudo sobre o passado do lugar, as forças sobrenaturais que assombram tanto Sara Laughs e que o influenciam de forma aterrorizante. 
Muitos segredos para serem revelados e King os entrega de forma surpreendente. O livro começa com a marca registrada do autor, lapidando cuidadosamente os personagens, descrevendo o ambiente com toda riqueza de detalhes, a cada página virada o leitor fica cada vez mais envolvido na trama. Uma história tão bem construída que algumas partes do livro parecem que saltam para realidade, as descrições de tempestades, paredes estalando e sinos batendo, foram as que mais me envolveram e me impressionaram. Mais um livro incrível, uma maravilhosa história de fantasma contada pelo mestre!  Super recomendo!



Ano: 2012
Páginas: 568
Editora: Suma de Letras


quarta-feira, 9 de março de 2016

Dias de Chuva e Tempestade - Nancy Pickard


RESENHA - Uma história ambientada numa pequena cidade no interior do Kansas, conhecida como Rose, onde as famílias dedicavam-se a atividade rural, destacando a criação de gado e plantações e são pessoas influentes na sociedade.
Há 23 anos um crime foi cometido, e o pai de Jody, Hugh-Jay Linder foi assassinado e sua mãe Laurie desapareceu. O assassino trabalhava na fazenda dos avós de Jody, Billy Crosby, um vaqueiro rebelde e alcoólatra que sempre estava causando confusões. Mas com o passar dos anos, o filho de Billy tornou-se advogado e não acreditava na culpa do pai, para ele a verdade foi manipulada levando seu pai para a prisão como culpado pelos crimes. E após os 23 anos com a volta de Billy para a cidade uma reviravolta acontece no caso. Jody quer saber a verdade e para isso confronta a família em busca dos fatos, ela precisa saber o que aconteceu realmente com os pais, será Billy realmente o culpado ou existe alguém guardando um segredo?

O livro é narrado no presente e no passado, relembrando todo o cotidiano da família, o relacionamento dos filhos, o trabalho de cada um e a vida na sociedade local descrevendo os personagens até o dia do crime. Traça também um pouco o perfil psicológico de todos, e isso faz com que o leitor simpatize ou não com os personagens, ou seja, a autora soube construí-los muito bem, fazendo com que a trama toda ficasse bem amarrada. Desconfiei de várias pessoas e me surpreendi com o desfecho. É um ótimo livro, mantém o clima de suspense até o final!


Ano:2012
Páginas:227
Editora:Arqueiro