Inìcio, Resenhas, Lidos no Mês, Maratonas & Desafios

quarta-feira, 7 de março de 2018

Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus


 “Há de existir alguém que lendo o que eu escrevo dirá… isto é mentira! Mas, as misérias são reais.” 

O livro de Carolina é escrito em forma de diário onde ela relata seu cotidiano. Moradora da favela, Carolina descreve a triste realidade da sua vida, dos seus filhos e dos seus vizinhos. Ela é uma catadora de lixo, mora em um barraco com três filhos menores, acorda cedo para trabalhar e no tempo restante ela lê e escreve seus diários.
Ela teve uma infância difícil e foi por influência de uma professora que despertou seu amor pela literatura. Apesar do pouco estudo, Carolina se expressa muito bem, a sua escrita é marcada por reflexões profundas sobre as condições políticas e sociais do país.
A fome era uma constante companheira de Carolina, com os seus míseros rendimentos, frequentemente a família ficava sem comida e no desespero, pegavam alimentos estragados nas lixeiras. 

"Quando eu não tinha nada o que comer, em vez de xingar eu escrevia. Tem pessoas que, quando estão nervosas, xingam ou pensam na morte como solução. Eu escrevia o meu diário."

Carolina foi uma porta voz dos favelados, seu diário relata as condições miseráveis que viviam e a constante luta pela sobrevivência. Com uma linguagem simples e com erros gramaticais ela mostra uma realidade nua e crua daqueles que sentem fome.

"É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos."


Ano: 1976
Páginas: 184
Editora: Edibolso

Todos os Pássaros no Céu - Charlie Jane Anders


 Quando era criança, Laurence conheceu Patricia, uma menina estranha que adorava caminhar por florestas e falar com animais. Eles desenvolveram uma amizade por conveniência, Patricia era paga para mentir para os pais de Laurence que ele adorava aventuras na natureza. O menino era um nerd, fissurado por assuntos científicos, criou uma máquina do tempo de dois segundos e um supercomputador. Ambos frequentaram a mesma escola, considerados pessoas esquisitas pelos colegas, sofreram bullying, tentaram viver a margem para passar despercebidos.
Eles cresceram e se reencontraram, Patricia fazia parte de uma sociedade de bruxas, cuja função era ajudar as pessoas. Laurence se transformou em um cientista, reunido com seus amigos nerds, estavam envolvidos em um projeto para salvar a humanidade. O mundo está um caos, a magia e a ciência que antes conviviam harmoniosamente travaram guerra e a salvação do mundo depende dos dois. Aliados ou rivais?
Todos os Pássaros no Céu é um livro sobre amor e amizade entre duas pessoas que viveram rejeitadas, enfrentaram seus medos e aprenderam a conviver com as suas diferenças, como se diz por aí... os opostos se atraem, não é? A escrita da autora é muito agradável e criativa, ela mesclou vários gêneros, dentre eles: fantasia, distopia, ficção científica e romance, tornando a leitura bem fluida e envolvente.


Ano: 2017
Páginas: 480
Editora: Morro Branco

De Quanta Terra Precisa o Homem? - Liev Tolstói



Uma história curta que Tolstói escreveu para o público infantil, transmite mensagens reflexivas sobre a natureza humana que são válidas para os adultos também. O conto relata sobre o descontentamento do camponês Pahkóm por ter poucas terras. Após ouvir uma discussão entre sua esposa e a cunhada, ele reflete sobre suas condições e decide que precisa ampliar sua fazenda. Quando ele diz: "Se eu tivesse muita terra, não temeria nem mesmo o próprio diabo", Pahkóm nem imagina que ele, o próprio diabo, escuta e resolve desafiá-lo. E Pahkóm cai em tentação e torna-se uma pessoa insatisfeita com os bens que conquista e cada vez quer mais.
O conto é maravilhoso e traz uma lição de moral necessária, sobre as consequências da ambição desmedida. As ilustrações são lindas e a história é simplesmente perfeita.




Ano: 2009
Páginas: 56
Editora: Companhia das Letrinhas

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Tudo Que Deixamos Para Trás - Maja Lunde



Resenha: Tudo Que Deixamos Para Trás, possui três narrativas que se passam em três épocas diferentes. 
Em 1852, William, um biólogo inglês, que vive mergulhado em uma depressão resultante da sua frustração familiar, sonha em criar um modelo de colmeia que irá dar o sustento para a sua família. 
Em 2007, o americano George é um apicultor que deseja muito que seu filho se integre no trabalho com as colmeias, e com essa ajuda, pai e filho possam prosperar no ramo.
E em 2098, numa China futurista, Tao trabalha com polinização manual, pois as abelhas foram extintas, e pendurada em árvores o dia todo ela sonha com um futuro para seu filho Wen-Wei. 
Além desta distopia sobre um mundo sem abelhas, a autora complementa a história com conflitos entre pais e filhos, descritos através de personagens muito bem construídos e marcantes. As três histórias se entrelaçam enriquecendo ainda mais a narrativa. A parte distópica do livro que remete ao futuro, nos serve de alerta, pois leva a reflexão sobre as ações humanas que muito impactam na natureza. Algumas descrições até nos causam um certo medo em relação ao futuro. Um livro para refletir e acreditar que o mundo e o destino dele está em nossas mãos. Vale a pena a leitura desta maravilhosa obra!!

"As abelhas morrem quando as asas não servem mais, tornam-se desgastadas, usadas em demasia, assim como as velas do navio fantasma. Ela morre no meio do salto, no momento em que vai alçar voo, com uma carga pesada, que talvez tenha sido mais pesada do que de costume, quando está quase estourando de néctar e pólen, e dessa vez chegou ao seu limite. As asas não aguentam mais. Ela nunca retorna a colmeia, mas despenca no chão, com todo o seu fardo. Se tivesse emoções humanas, estaria feliz nesse momento, pois entraria pelas portas do céu sabendo ter sido fiel à ideia de si mesma, da Abelha... pois fez o que lhe foi dado fazer na Terra. "

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Elogio da Madrasta - Mario Vargas Llosa


Resenha: O Elogio da Madrasta é uma obra poética que narra a história de dom Rigoberto e Lucrécia.
O casal vive em plena felicidade e desfrutando dos prazeres da vida conjugal. Lucrécia é uma jovem mulher de quarenta anos dotada de seus encantos, elegância e muita sensualidade. 
Dom Rigoberto tem um filho, Alfonso, que amava muito a falecida mãe e Lucrécia temia não ser aceita pelo menino, mas acontece exatamente o contrário, Fonchito é conquistado pelos encantos da madrasta. O que não era esperado é que esse amor de enteado e madrasta fosse dar um novo rumo a vida de todos eles. 
Este foi o primeiro livro que li do autor, com poucas páginas, possui uma narrativa envolvente e bem humorada. Llosa dá um toque de erotismo na história, misturando a paixão, a inocência e elementos da mitologia, o que na minha opinião, não deixou a obra vulgar, mas sim sutil e bem escrita.
Ano: 2009
Páginas: 160
Editora: Alfaguara

A Solidão dos Números Primos - Paolo Giordano


Resenha: "Os números primos são divisíveis apenas por um e por si mesmos. São suspeitos e solitários... " assim são os protagonistas da história: Alice e Mattia. Duas pessoas marcadas pelos seus traumas da infância e que não conseguem se encaixar no mundo. 
Mattia vive envolto pelos números, sua mente funciona através da matemática enquanto Alice procura viver de forma invisível. 
Quando suas vidas se cruzam, eles partilham seus dramas e tristezas e a constante busca por fazer parte do mundo. Duas pessoas próximas mas ao mesmo tempo distantes. 
O livro é muito envolvente, narrado de forma intercalada onde o autor apresenta os personagens de forma muito densa, traçando o perfil psicológico de cada um. Temas como autismo, anorexia, bullying e solidão são apresentados durante a narrativa. A vida dos personagens é traçada de forma muito delicada, tornando a leitura muito prazerosa. São pessoas sensíveis, vítimas das fragilidades da vida. 
Este é o primeiro Livro Viajante que participo, foi uma ótima experiência, espero que as próximas leitoras apreciem a leitura tanto quanto apreciei! 



Ano: 2009
Páginas: 288
Editora: Rocco

sábado, 16 de dezembro de 2017

A Filha Perdida - Elena Ferrante


Resenha: Leda é uma professora universitária em férias no litoral sul da Itália. Quando chega na praia para aproveitar seus dias de descanso, ela se depara com uma barulhenta e estranha família napolitana. 
Nina, uma jovem acompanhada da filha, acaba chamando a sua atenção, pois Leda lembra a si mesma quando era apenas uma inexperiente mãe de duas meninas pequenas.
Como Leda e Nina se vêem todos os dias, elas se aproximam mantendo diálogos sobre maternidade. Nestas conversas, Leda revela segredos nunca ditos anteriormente a ninguém. 
A Filha Perdida é o segundo livro que leio da autora Elena Ferrante. A narrativa é simples e o conteúdo muito envolvente, pois trata do íntimo da mulher na figura de uma mãe, reflete sobre as consequências e marcas que a maternidade deixa em cada uma. A autora faz questão de frisar que toda mãe antes de qualquer coisa é um indivíduo que tem personalidade e sonhos. 
Ano: 2016
Páginas: 176
Editora: Intrínseca

domingo, 5 de novembro de 2017

Não Verás País Nenhum - Ignácio de Loyola Brandão


Resenha: Não Verás País Nenhum apresenta um Brasil pós apocalíptico, onde a fome, a seca e a peste fazem parte do cotidiano da sociedade.
Em um futuro distópico, o Brasil se resumiu ao estado de São Paulo,  alguns estados não existem mais e a Amazônia foi transformada em um imenso deserto. A cidade está um verdadeiro caos, as florestas foram exterminadas, a água está escassa e os alimentos são todos processados. Todos os cidadãos são monitorados pelo governo e não possuem liberdade para ir e vir.
 No meio desse país devastado, o personagem Souza, um homem de 50 anos que foi professor de História, se rebela contra o sistema e relata toda a realidade que a maioria das pessoas não querem ver.

"Quando vi a primeira árvore cair, meu pai estava ao meu lado. O barulho foi tão horrível que nem a presença dele impediu o meu susto. Chorei. Agora penso: teria sido pena? Não, seria racionalizar os sentimentos de uma criança. Me lembro até hoje o horror que foi a árvore tombando." 

O livro foi escrito em 1981, inédito no gênero distopia, o autor criou um cenário repleto de detalhes, uma história muito atual que aborda vários temas como a corrupção, aquecimento global,  propagandas tendenciosas, ética. Uma obra genial e inovadora que após várias décadas continua sendo indispensável. Vale a pena ser lido por fãs de 1984 e  Admirável Mundo Novo.

Ano: 2008
Páginas: 381
Editora: Global

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Pseudônimo Mr. Queen - Loraine Pivatto


Resenha: Quando o mundo termina em 21 de Dezembro de 2012, apenas algumas pessoas sobrevivem.  Os escolhidos vão viver duas vidas: uma que vai durar 70 anos e a outra que irá dos 20 aos 100, somando um total de 150 anos e nada mais. 
Nesta sociedade onde não há doenças, desigualdades, dinheiro e mortes prematuras, a autora Loraine Pivatto desenvolveu uma narrativa inteligente e muito criativa. 
Pseudônimo Mr. Queen conta a história de três mulheres: Regina, Larissa e Vitória Brandão. 
Elas são mulheres de personalidade forte, guerreiras, destemidas e que buscam a verdade.  A narrativa é recheada de suspense e faz crítica a uma sociedade que cultiva um mundo de aparências.
Conheci este livro por convite da autora para participar do Book Tour, onde vários exemplares estão circulando pelo Brasil. Gostei muito da escrita e espero muito que a Loraine encontre uma editora para publicar esta obra. Para quem gosta de fantasia e distopia, recomendo a leitura! 


"Tenho nojo dessa raça humana! - ele havia dito muitas vezes naquela noite. Essa tal reputação que os homens lutam  a vida inteira para manter não passa de uma fantasia. E essa benevolência que se ouve falar só existe para satisfazer interesses pessoais. No íntimo, todos pensam apenas em si mesmos. "

Ano: 2015
Páginas: 404
Editora: Edição do autor para divulgação


A Autora: Loraine Pivatto
Gaúcha, nasceu e vive em Porto Alegre. Graduada em Informática pela PUCRS e pós-graduada em Análise de Sistemas nesta mesma Universidade, trabalha há mais de dez anos na área de Tecnologia da Informação, como Administradora de Banco de Dados. 
Além dos computadores, sempre teve muito interesse pelas formas de expressão artística, em especial a literatura, o cinema e a música. Sua mãe era educadora, e o contato com o seu trabalho lhe despertou desde muito cedo o gosto pela leitura. Além disso, sempre teve um espírito crítico bem aguçado quanto às questões comportamentais. 
Gosta de escrever e busca inspiração naquilo que observa. "Criar personagens e situações que mexam com os leitores, explorando sentimentos e emoções tão comuns na vida de cada um de nós, como o medo, a insegurança, o ciúme, o amor, a paixão, a solidão, a ansiedade, e tantos outros, além de ser um grande desafio, é uma enorme fonte de prazer para mim."

domingo, 15 de outubro de 2017

Sempre Vivemos No Castelo - Shirley Jackson



Resenha: As irmãs Merricat e Constance vivem com o tio Julian, isolados em uma casa que pertenceu a familia Blackwood. Constance, a irmã mais velha, foi acusada de ter matado todos os outros membros da família usando arsênico que foi adicionado no pote de açucar. Inocentada, ela volta a viver com a irmã Merricat e o tio Julian, mas levam uma vida de reclusão, pois são hostilizados pelos habitantes do lugar. Constance não sai de casa e só Merricat tem contato com as pessoas do vilarejo quando precisa fazer as compras para manter as necessidades dos três.
Mas um dia, o primo Charles Blackwood, resolve visitá-las e acaba tirando a família da sua rotina habitual e Merricat não simpatiza com o rapaz logo de chegada, percebendo que com a sua visita ele irá desestruturar a casa, ela faz de tudo pra manter a harmonia e proteção do seu lar tão peculiar. 
O livro é narrado por Merricat, uma menina estranha, que vive em um mundo imaginário e cheia de crendices e atitudes anormais. O objetivo dela é sempre proteger a irmã e o seu lar, não permitindo a aproximação de outras pessoas. A autora expõe através destes personagens que vivem isolados, um comportamento macabro, bizarro e neurótico. O terror e os fantasmas nesta história, estão sim, no interior das pessoas e não no local onde vivem. Para quem aprecia o gênero, vale a leitura!



Ano: 2017
Páginas: 200
Editora: Suma de Letras Brasil

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Memórias de Uma Gueixa - Arthur Golden



 Resenha: Chiyo foi vendida para uma Okiya ainda muito jovem. Okiya é um lugar onde vivem as gueixas, ela e sua irmã foram tiradas da sua casa por um vizinho que viu uma oportunidade de lucrar dinheiro quando as meninas ficaram órfãs.
Na cidade de Kioto, elas são separadas e Chiyo vai trabalhar como criada em uma Okiya. A proprietária percebe que Chiyo tem um grande potencial para ser uma famosa gueixa, devido a sua beleza peculiar. Um grande empecilho surge na sua frente, a principal gueixa da Okyia, Hatsumono, uma mulher mesquinha e vingativa.
Chiyo passa o tempo treinando para ser gueixa e aproveita as oportunidades para procurar sua irmã. Com a ajuda de Mameha, uma gueixa que é adversária de Hatsumono, Chiyo ganha um outro nome, Sayuri. Ela ganha fama entre as gueixas e conquista a admiração de muitos homens, mas somente um deles é que Sayuri deseja conquistar, o presidente.
O livro é narrado pela própria Sayuri, idosa, morando nos Estados Unidos. Uma personagem fictícia que conta sua história para um pesquisador e relembra acontecimentos marcantes da sua vida. A infância na pequena vila de pescadores, a dor de perder a mãe e toda infelicidade durante seu treinamento de gueixa. Uma leitura bem agradável que prende do início ao fim.


Ano: 2015
Páginas: 448
Editora: Arqueiro


sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Canções de Ninar de Auschwitz - Mário Escobar


Resenha: Helene Hannemann era uma alemã que se casou com um cigano e tiveram cinco filhos. Ela vê sua vida transformada quando os soldados da Gestapo batem a sua porta em Berlim, no ano de 1943. 
Helene poderia escolher ficar e continuar a sua vida normalmente, mas como uma boa esposa e mãe dedicada, ela jamais optaria por deixar sua família partir para os horrores de Auschwitz. Como era enfermeira,  foi escolhida por Josef Mengele para ser diretora da creche e escola do campo de concentração. Lá, ela presenciou as misérias humanas, a fome, a crueldade e os mais diversos horrores da guerra.
 Canções de Ninar de Auschwitz é mais um livro que narra as tragédias da guerra e o sofrimento de uma família submetida ao poder dos nazistas. 
Relata também um pouco das experiências do médico Mengele, conhecido como o Anjo da Morte. O autor descobriu a história de Helene através de um amigo e a escreveu para que o mundo a conhecesse. Somente alguns nomes foram alterados, mas a maioria dos fatos são reais. É um livro impactante, assim como todos os outros que já li com essa temática. 

'Era necessária uma energia moral extraordinária para se aproximar da infâmia nazista e não cair no fundo do poço. No entanto, eu conheci muitos internos que souberam ser fiéis à sua dignidade humana até o fim. Os nazistas os degradaram fisicamente, mas não foram capazes de rebaixá-los moralmente.'

Ano: 2016
Páginas: 224
Editora: Harper Collins

domingo, 13 de agosto de 2017

A Guerra Que Salvou a Minha Vida - Kimberly Brubaker Bradley


Resenha: A história se passa em 1939, Inglaterra, durante a Segunda Guerra Mundial. Ada mora com a mãe e seu irmão caçula, Jamie. A menina nasceu com um pé torto, sua mãe a considera uma abominação, uma vergonha. Proibida pela mãe, ela nunca sai de casa, vive confinada e só observa o mundo e as pessoas pela janela. As novidades são contadas por Jamie, que frequenta a escola e pode brincar na rua. A mãe é uma mulher insensível e extremamente ignorante que não perde uma oportunidade de maltratar e humilhar Ada.
Com as ameaças dos bombardeios se aproximando de Londres, as crianças começam a ser realocadas para o interior do país e Ada percebe que tem uma oportunidade de se livrar da sua própria guerra pessoal. Ada e Jamie conhecem Susan, uma mulher que é considerada por todos como desagradável e muito solitária. Com os seus cuidados, as crianças crescem e se transformam. Enquanto a Guerra segue cada vez mais aterrorizante, Ada, Jamie e Susan enfrentam seus traumas e permanecem com a esperança de ter dias melhores.
A Guerra Que Salvou Minha Vida é um livro emocionante, uma história que fala de superação, sofrimento, medo, perseverança e amor incondicional. Super recomendo.

"Enquanto puderes erguer os olhos para o céu, sem medo, saberás que tens um coração puro, e isto significa felicidade."



Ano: 2017
Páginas: 240
Editora: DarkSide Books

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Sempre Vivemos No Castelo - Shirley Jackson



Resenha: Sempre Vivemos No Castelo conta a história da família Blackwood, ou melhor, o que sobrou dela... A família era constituída por sete membros até o fatídico dia que foram envenenados com arsênico. O veneno foi colocado (propositalmente ou acidentalmente) no açúcar e matou a maioria da família. Restaram apenas Tio Julian, Merricat e Constance, que foi acusada e inocentada do crime.
Os três Blackwood vivem harmoniosamente na antiga mansão da família, só que isolados do vilarejo. As pessoas sempre hostilizam e perseguem Merricat, a única que vai ao vilarejo para fazer compras. Ela protege Constance que ficou traumatizada pela tragédia,  nunca sai de casa, adora cozinhar e cuidar do debilitado tio Julian. 
A tranquilidade dos três é alterada com a chegada do primo Charles, uma visita que não agrada Merricat,  que fará de tudo para proteger seus familiares da intromissão do rapaz.
O livro tem aquele clima de que algo muito estranho vai acontecer a qualquer momento, pois são personagens com atitudes bizarras que se fecharam em um mundo bem peculiar,  vivem felizes nesse ambiente criado por eles e não estão dispostos a aceitar um estranho no ninho. A história da família Blackwood é narrada por Merricat, uma menina com um comportamento infantil, bastante observadora e muito supersticiosa. Uma personagem que encanta apesar das bizarrices.  :)



Ano: 2017
Páginas: 200
Editora: Suma de Letras Brasil
 

terça-feira, 11 de julho de 2017

Na Escuridão da Mente - Paul Tremblay


Resenha: Marjorie é uma jovem de 14 anos que passa a chamar a atenção de sua família a partir do momento em que apresenta algumas mudanças em seu comportamento. 
Após notarem algumas anormalidades em Marjorie, seus pais a levam a um psiquiatra, que chega a conclusão de que a menina está apresentando um quadro de esquizofrenia aguda. 
Marjorie atormenta Merry, sua irmã caçula, com histórias aterrorizantes. 
Vendo que a filha não apresenta melhoras, o pai procura por um padre que aconselha um exorcismo. O padre entra em contato com uma produtora de TV e sugere a família documentar tudo. Como a família está passando por dificuldades financeiras, aceita a proposta, sem perceber que o reality show " A Possessão" tornaria suas vidas muito expostas.
A história é narrada por Merry, intercalando passado e presente, o que torna a leitura interessante, mas não tão envolvente. 
O terror apresentado no livro está mais para características psicológicas do que macabras. Em relação ao exorcismo e a possessão de Marjorie, achei que ficou muito superficial, pois a menina, na minha opinião, não passou de uma adolescente repleta de imaginação. No livro foram abordados temas como ciência e religião, e como todos do gênero terror a constante luta entre o bem e o mal. Fiquei aguardando um final que surpreendesse, mas que não aconteceu. Por ser vencedor do prêmio 'Bram Stoker Award' não achei nada tão assustador! 

Ano: 2017
Páginas: 266
Editora: Bertrand Brasil

terça-feira, 4 de julho de 2017

A Garota Gotic e o Festival mais Assustador que a Morte - Chris Riddell



Resenha: Ada Gotic se prepara para o Festival da Lua Cheia e a competição gastronômica Grande Mão na Massa que serão realizados no Palácio Sinistro em uma data próxima do seu aniversário.
Várias personalidades estão chegando ao Palácio para o evento, artistas circenses e chefs famosos. Ada tem um grupo de amigos que estão auxiliando os convidados para a grande apresentação, empolgados com os preparativos, eles esqueceram do seu aniversário.
Com a chegada de convidados que estão fora da lista, Ada tem uma forte suspeita que o misterioso Malavesso está planejando alguma maldade. Para completar, ela descobre um grande segredo de sua criada, Maribondosa, e tenta ajudá-la.
E o grande Festival da Lua Cheia se transforma em o Festival Mais Assustador que a Morte,  revelando um enorme perigo para todos os convidados. Ada Gotic e seus amigos se envolvem em uma grande aventura para salvar a todos.
É uma história com um toque gótico e bem humorado que conquista crianças e adultos. O livro tem lindas ilustrações misturadas ao texto. Para encerrar com perfeição, tem uma biografia totalmente ilustrada de uma personagem muito fofa. Adorei!



Ano: 2016
Páginas: 240
Editora: Galera Junior


 

domingo, 11 de junho de 2017

Diário de uma Escrava - Rô Mierling

Resenha: Diário de Uma Escrava, relata a história de Laura, uma menina sonhadora, boa filha, boa amiga,uma adolescente apaixonada, que teve todos os seus sonhos ceifados no dia em que foi sequestrada por Estevão, um homem estranho, embora casado e trabalhador. 
O livro é escrito em forma de diário, onde Laura, relata os seus dias vividos dentro de um buraco embaixo de uma casa, que são repletos de dor, violência, amargura e muito desespero. 
O sequestrador é um psicopata, que busca em suas presas a juventude e a inocência, que ele sacia usando os mais cruéis rituais, pois abusa delas tanto sexual como psicologicamente.
A autora, através deste livro, procurou denunciar o que muitas meninas e mulheres que constantemente são sequestradas enfrentam nas mãos destas criaturas insanas, que na maioria das vezes vivem tão perto de suas vítimas. 
Muitas suportam caladas, pois vivem assombradas pelo terror e o medo, não tendo oportunidade de fuga, acabam morrendo nas garras destes bandidos. 
A história toda é um grande alerta para todas as mulheres, pois é preciso ter muito cuidado em cada esquina e em cada aproximação suspeita na rua. É preciso deixar de ser ingênua, "pois no Brasil, todo ano 250 mil pessoas somem sem deixar vestígios. Desse total, 40 mil são menores de idade, dos quais um terço são meninas destinadas a fins sexuais. Muitas escapam ou são encontradas, contando histórias terríveis; outras nunca mais são vistas com vida."  
Apesar do conteúdo forte e impactante, gostei do livro, apenas me desagradando com o final da história. A autora usou de muita pesquisa para desenvolver a narrativa, portanto vale a pena a leitura.

"Acredito fielmente que escravos e prisões não se fazem somente com paredes, grades ou algemas, mas também com simples palavras e situações."

Ano: 2016
Páginas: 240
Editora: DarkSide Books

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Cristal Polonês - Letícia Wierzchowski


Resenha: Tedda é uma menina de origem polonesa, tem dois irmãos e suas roupas são doadas pelos tios e primos. Seus pais trabalham muito para manter a família, mas vivem com muitas dificuldades financeiras.
Um dia, o pai ganha uma aposta e uma viagem é oferecida para a família. Como as crianças não tem o costume de sair de casa, esse evento acaba sendo esperado ansiosamente por todos. Eles decidem o que levar na viagem para a casa do lago, todos se animam, até mesmo a máma, que está sempre com o semblante triste e sério. Mas, uma tragédia termina com a alegria da família...
A história é narrada por Tedda, uma menina curiosa e muito observadora. Os detalhes da vida revelado pelo ponto de vista da menina mostra a condição de pobreza vivida pela família, a tristeza da mãe, uma mulher que não costuma dar sorrisos facilmente, o pai e seu silêncio perturbador, a casa com os móveis doados pelos parentes ricos. A personagem retrata uma realidade dura, a pobreza, a morte, mas não perde sua capacidade de sonhar.
É um livro muito tocante, recomendado para quem curte histórias contada por uma criança que relata a ingenuidade e a franqueza dos sentimentos em relação ao luto.



Ano: 2003
Páginas: 176
Editora: Record




terça-feira, 16 de maio de 2017

O Xará - Jhumpa Lahiri


Resenha: O romance O Xará retrata a trajetória de uma típica família indiana dividida entre duas culturas.
Os pais de Gógol, Ashoke e Ashima Ganguli partem para o continente americano recém casados em busca de oportunidades. Eles vão viver em Boston e logo na chegada já sentem a grande diferença que só aumenta a medida que precisam interagir com os americanos. 
O tempo passa e a família vai acostumando com a nova vida. Ashima engravida do primeiro filho, e ao contrário da sua cultura, terá que ter o filho em um hospital e não em casa  junto da sua família. 
Gógol Ganguli, nasceu nos EUA, e recebeu este nome em homenagem ao escritor russo, pois seu pai era leitor fiel e admirador da literatura russa. O 'nome bom' chega por carta de Calcutá, pois conforme a tradição deve ser escolhido pela avó materna.  A medida que vai crescendo, Gógol vai se distanciando da sua cultura e tem que conviver com as diferenças que a cada dia ficam mais evidentes. 
O livro trata de assuntos ligados desde a infância até a maturidade, dando destaque para Gógol, o protagonista, que viveu dividido entre as duas culturas. Relata o choque cultural, a resistência perante ao novo, os relacionamentos familiares, profissionais e sentimentais. 

"Os nomes morrem com o tempo, perecem assim como as pessoas."

O Xará foi citado no livro "O Clube do Livro do Fim da Vida, Uma história real sobre perda, celebração e o poder da leitura de Will Schwalbe".

terça-feira, 2 de maio de 2017

As Intermitências da Morte - José Saramago


Resenha: As Intermitências da Morte narra uma situação inusitada vivida em um país, a morte paralisa as atividades e ninguém mais morre. A partir daí várias complicações acontecem com as pessoas, pacientes terminais agonizando mas a morte não chega, hospitais e asilos estão lotados, a indústria funerária é afetada, a Igreja  reclama que sem a morte não haverá ressurreição. E assim a vida e a morte entram em um grande conflito, pois as pessoas se acostumaram com a imortalidade.
Em outra parte do livro é apresentada a morte em pessoa, seus procedimentos em relação ao "ultimo chamado", suas características físicas e por incrível que pareça a morte fica mais humanizada. Tudo isso acontece quando uma carta enviada pela morte retorna ao remetente, um fato que nunca tinha acontecido antes. Então a morte decide resolver a situação pessoalmente...
Meu segundo livro de José Saramago, foi uma leitura surpreendente. A narrativa do autor é peculiar, uma história divertida e bem reflexiva.

 "Porque cada um de vós tem a sua própria morte, transporta-a consigo num lugar secreto desde que nasceu, ela pertence-te, tu pertences-lhe."



Ano: 2005
Páginas: 208
Editora: Companhia das Letras